Nosso estudo de investigação da Bíblia foi dividido em sete estágios, sendo que essa divisão faz parte da análise empírica aplicada.
Apresentaremos a seguir apenas os itens abordados no sexto estágio do estudo e suas conclusões. As explicações completas se encontram no sexto estágio completo do estudo em pdf. Recomendamos fortemente que você baixe esse arquivo. Oriente-se pelo sumário e leia pelo menos os itens que mais interessarem a você. Veja também os outros estágios do estudo de investigação da Bíblia e os tópicos especiais por meio das áreas no final desta página.
Até mesmo o preço mais alto para uma Bíblia é insignificante quando comparado ao custo de muitas vidas para traduzi-la para o inglês. Na verdade, a Bíblia foi banida em certas épocas por certos líderes religiosos que alegavam seguir a Cristo. É desnecessário dizer que a Bíblia não autoriza que ela mesma seja banida e, muito menos, ensina que aquele que ler seu conteúdo tem que ser punido (acredite, essa já foi uma pena imposta pelos homens).
Em suma, as sentenças de morte por ler a Bíblia e atrocidades semelhantes foram coisas que estavam enraizadas na Inquisição. A Inquisição foi uma consequência das cruzadas, e essas cruzadas foram produto de muitas forças. Uma das forças que serão discutidas é a relação entre a antiga igreja de Roma e as suas contrapartes religiosas e seculares da época. É um erro culpar a Bíblia ou seus ensinamentos pelas terríveis atrocidades das cruzadas e da Inquisição, assim como é um erro aplicar punição pela leitura da Bíblia. Uma vez que certos líderes religiosos mataram pessoas porque elas tentaram aprender o que a Bíblia realmente diz, a própria Bíblia pode ser adicionada à longa lista de vítimas das atrocidades da Idade das Trevas.
Há diferenças entre catolicismo e protestantismo. Enquanto ambos alegam seguir a Bíblia, existem diferenças importantes entre eles. Porém, o principal problema é que os dois falham no entendimento e aplicação correta das Escrituras. Os atrozes eventos criminosos das cruzadas e da Inquisição são eventos inseparavelmente ligados a papas específicos da Igreja Católica Romana pré-reforma. O assassinato e as torturas que esses papas sancionaram não foram feitos com base bíblica. Em vez disso, as ações de certos papas foram baseadas no que eles inferiram ser um suposto favor divino concedido por Deus exclusivamente a eles.
Quando Cristo morreu, voltou da morte e foi visto diante de centenas de testemunhas, essas notícias começaram a viajar para fora de Jerusalém. Uma fé intensa seguiu seu caminho, a qual teve sua velocidade reduzida apenas pelas perseguições judaicas e romanas, uma vez que essa fé rejeitava as “ideias politicamente corretas” da época. Sucessivos imperadores romanos tentaram esmagar a crescente crença em Cristo como Senhor durante sete períodos diferentes de perseguição. Uma maneira pela qual os cristãos eram descobertos era pela sua recusa em jurar a divindade de César, e isso poderia resultar em sentença de morte. Em meados do século 3 d.C., vários imperadores romanos começaram a vacilar entre a tolerância e o ódio pelo cristianismo. Seguiram-se cinco períodos intermitentes de perseguição. Após a morte de Magêncio no início do século 4 a.C., Constantino finalmente estabeleceu o direito legal para que os cristãos existissem e adorassem a Cristo. Uma vez que a pena de morte pela prática do cristianismo foi removida, a notícia de Cristo podia ser mais facilmente compartilhada em todo o Império Romano. Para esse fim, os escritos bíblicos começaram a ser traduzidos para as línguas de diferentes povos.
A igreja local mais influente naquela época, embora certamente não fosse a única, foi a igreja de Roma. Ela recebeu extraordinária riqueza e influência quando o imperador Constantino moveu sua capital para fora da cidade e entregou a essa igreja sua basílica e uma grande quantidade de tesouros. Embora a igreja de Roma tenha declarado o grego como sua linguagem oficial, a cultura grega diminuiu. A igreja de Roma reagiu a isso ao acomodar a predominância do latim e ao adotá-lo oficialmente como sua nova linguagem em algum momento antes do ano 600 d.C. A Vulgata em latim de Jerônimo foi sua tradução oficial da Bíblia.
A visão de mundo judaico-cristã de um Deus imutável e de um universo ordenado começou a substituir o consenso prévio de que o mundo era imprevisível e sem propósito. Foi com o reconhecimento da crescente fidelidade do público em relação a Cristo e com o poder dos princípios comuns que estavam sendo mantidos que certas figuras medievais conseguiram explorar o novo espírito da época para fins menos honrados. Para ganhar o direito religioso dos tempos antigos, a lisonja de um rei não precisava ser genuinamente direcionada para o Cristo acima, no céu – bastava fazer parecer que era assim para os cristãos aqui embaixo, na Terra. Certos líderes buscaram devoção pública e fidelidade ao comparecer diante de líderes religiosos populares para obter aprovação divina para tudo, desde posses banais até declarações de guerra. Como a igreja de Roma adquiriu grande destaque por causa da grande riqueza que recebeu de Constantino, ela atraiu muito mais líderes nacionais do que outras igrejas locais.
À medida que reis e líderes usavam atos de busca de aprovação para ganhar o privilégio dos líderes religiosos cooperativos, esses líderes religiosos estavam agora encontrando a nova tentação de pedir e receber favores especiais em troca – e estavam sucumbindo a essa tentação. Alguns dentro da igreja de Roma desejavam a unificação de toda a cristandade sob sua exclusiva liderança. Muitos reis desejavam a expansão de seus impérios e riquezas. Esses desejos acabariam por se entrelaçar na exploração cruel, mas mutuamente efetiva, da fé genuína das pessoas nos períodos das cruzadas e da Inquisição.
Dois fatores – o declínio do latim e uma reação a isso em particular – provaram ser uma contribuição sutil, embora preocupante, para a Idade das Trevas que estava a seguir. Séculos após a igreja de Roma ter adotado o latim como língua oficial, em substituição ao grego, o latim também estava sendo substituído, mesmo tendo sido a língua popular. No entanto, dessa vez a igreja de Roma manteve uma posição de inflexibilidade.
A adesão da igreja de Roma ao impedimento que as Escrituras fossem traduzidas em uma língua que as pessoas pudessem entender teve um efeito desastroso. Impediu progressivamente que as gerações em grande parte iletradas pudessem ler ou ouvir o evangelho por si mesmas. Eventualmente, com pouca exceção, o único acesso às Escrituras que o homem comum teve foi por meio dos sacerdotes da igreja de Roma. Essa supressão de uma Bíblia compreensível para as pessoas comuns serviu muito bem para o aparecimento posterior da doutrina da infalibilidade da igreja de Roma, a qual ajudou a reunir apoio público para as cruzadas e a Inquisição.
A doutrina da igreja de Roma sobre a infalibilidade não tem nada a ver com um estado geral de ausência de pecado. Isso geralmente é mal interpretado por não católicos. A infalibilidade é o que Roma define como a prevenção do erro de ensino nas áreas da fé e da moral. Contudo, a qualidade da infalibilidade é condicional. Depende de se o papa escolheu ou não falar de forma ex cathedra (isto é, com a autoridade de ensino de Deus). Roma sustenta que o Espírito de Deus guia o papa a falar de forma infalível na fé e na moral somente se for qualificado que ele está falando com essa capacidade. Caso contrário, se ele não estiver falando na forma ex cathedra, então ele poderia estar transmitindo informações erradas.
No que se refere à interpretação, a igreja de Roma manteve, e ainda mantém, que suas próprias interpretações da Bíblia são únicas e infalivelmente perfeitas. É uma questão simples de concluir que o que quer que uma igreja infalível infira, sua inferência deve ser mais do que apenas inferência – deve ser um fato infalível. Além disso, as opiniões externas que afirmam que a igreja de Roma não é infalível são sustentadas como conclusões errôneas que são inevitáveis sem a visão divina que apenas Roma desfruta. Essa é a base pela qual a igreja de Roma percebe genuinamente a sua “obrigação” de controlar toda tradução e interpretação bíblica. Misteriosamente, a infalibilidade é a crença em que a igreja de Roma diz ter tido sempre, mas sem saber. Além disso, a infalibilidade se aplica não apenas ao papa governante. Na medida em que seus pronunciamentos são perfeitamente reiterados pela hierarquia da igreja e, em certos casos, pelos leigos (pessoas distintas do clero), a infalibilidade também se aplica a eles.
Sobre a doutrina elementar da infalibilidade do catolicismo segue a crença de que a Igreja Católica sozinha detém a autoridade única para direcionar quem receberá ou não receberá o perdão de Deus pelos pecados. Uma aplicação particular dessa crença na autoridade de Roma para direcionar destinos pessoais contribuiu significativamente para sua participação nas cruzadas e na Inquisição. Essa aplicação é a doutrina única da absolvição da igreja de Roma.
A absolvição é a crença católica romana segundo a qual os pecados de uma pessoa são perdoados por meio da instituição da Igreja Católica ou de seus agentes. Ela foi outra contribuição da antiga igreja romana que ajudou a abrir o caminho para os períodos cruéis e violentos das cruzadas e da Inquisição. A absolvição eventualmente se tornou em uma licença para pecar. Ela foi dada com o propósito de (ou pelo menos teve o efeito de) libertar o cruzado da sua consciência e fazê-lo acreditar que sua alma estava libertada da responsabilidade por quaisquer ações pecaminosas a serem tomadas para realizar o que o papa assegurou a todos que era a vontade de Deus. Quais ações e exatamente quais as circunstâncias que a absolvição cobria variaram com papas e decretos individuais ao longo dos anos. O que permaneceu o mesmo foi a ideia de que o perdão pelos pecados seria condicional à cooperação de alguém com as diretrizes militares do Vaticano e seus agentes.
Enquanto a absolvição serviu de reforço positivo para a obediência à vontade da igreja romana, reforço negativo veio sob a forma de excomunhão. A excomunhão é uma forma de condenação e remoção oficial da igreja romana. Quando alguém era excomungado durante o período das inquisições, tinha doze meses para provar sua inocência aos agentes da igreja romana. Caso não conseguisse fazê-lo dentro do tempo designado, seria declarado herege e queimado na fogueira.
Alguns insistem que o envolvimento papal em atrocidades medievais de modo algum impugnam as doutrinas únicas de infalibilidade e absolvição de Roma pelos seguintes argumentos: (1) os papas tinham boas intenções ao quererem acabar com o que honestamente acreditavam ser a impiedade; (2) a sanção de crueldades e tortura por certos papas não nega a possibilidade de que o ofício papal possua a habilidade de ensinar perfeitamente sobre fé e moral quando fala de forma ex cathedra. Ou, em outras palavras, os vários papas em questão não qualificaram se estavam falando ex cathedra ou não ao decretarem certas ações.
Em resposta ao primeiro argumento, se trata mais uma admissão indireta de que erros morais foram cometidos do que um argumento. Para o segundo argumento, a defesa ex cathedra é repreensível por tentar afastar a culpa dos papas em relação àquele barbarismo medieval e direcioná-la para aqueles que eram fiéis às diretrizes deles. Basicamente, o argumento é algo como: “Se os seguidores dos papas não tivessem a falta de discernimento para saber quando o papa realmente estava falando de forma ex cathedra, então eles saberiam o que obedecer ou o que não obedecer”. Quer dizer que são os seguidores do papa que têm que saber quando ele fala de modo ex cathedra ou não? Mesmo que isso fosse verdade, como o homem comum poderia saber se o papa se desviou da Bíblia ou não? Ele nem podia consultar a Bíblia! Foi a própria igreja de Roma que tinha banido todas as bíblias de linguagens comuns de forma que ela sozinha pudesse “salvaguardar” sua tradução!
É claro que as ações notórias realizadas durante esses períodos violentos não vinham da Bíblia. Mesmo uma familiaridade moderada com os ensinamentos da Bíblia atestaria isso além de qualquer dúvida razoável. As crueldades das cruzadas e das inquisições foram o resultado combinado de reis gananciosos, líderes religiosos corruptos e a ignorância geral da Bíblia. Com acesso limitado às Escrituras, o público não conseguiu responsabilizar os líderes da igreja romana pelo que eles professaram crer.
As cruzadas europeias iniciais foram uma resposta a séculos de jihad islâmica. O islã provocou épocas de barbarismo “em nome de Alá”. A religião do islã foi iniciada por um homem chamado Maomé por volta de 600 d.C. Desde então, foi dividida em várias denominações, cada uma sendo resultado de diferentes crenças e interpretações da vida e ditados de Maomé.
As cruzadas não vieram do nada, nem vieram da Bíblia ou dos ensinamentos de Jesus. Foram precedidas e precipitadas pela jihad islâmica, em particular o tipo de jihad que exige a morte ou a subjugação de todos os não muçulmanos. Assim como certos papas católicos romanos fariam seiscentos anos no futuro, Maomé tomou para si mesmo a autoridade de determinar quem eram os inimigos de seu deus que precisavam ser destruídos. No entanto, a morte de Maomé introduziu um problema imprevisto, causando uma das várias divisões ocorridas no islamismo. Essa divisão foi sobre a natureza da vontade de Alá e sua flexibilidade continuada em relação a circunstâncias em constante mudança, ou em relação à sua nova rigidez, enquanto o mediador especial de Alá, Maomé, está morto e se foi. Essa divisão é o que se traduz hoje em islamismo liberal versus islamismo conservador.
À medida que o cristianismo se espalhava para o norte, sul e leste desde o início do milênio, muitas pessoas do continente viajaram para a terra santa para verem por si mesmas onde Cristo havia vivido e onde os eventos do evangelho se desenrolaram. As comunidades cristãs nativas do Oriente Médio receberam as visitas de seus irmãos estrangeiros. Coincidindo com a introdução e propagação do islã nos séculos 7 e 8 d.C., a comunidade cristã abaixo do Mediterrâneo começou a ser violentamente perseguida nas mãos dos estados islâmicos vizinhos.
O papa Urbano II da igreja de Roma proclamou a necessidade de um empreendimento militar para resgatar cristãos do Oriente Médio de seus captores islâmicos e retomar a cidade de Jerusalém. A primeira cruzada desse tipo se reuniu no ano a seguir, 1096 d.C. Tragicamente, o empreendimento nobre acabou com o massacre de quase todos eles, que nem chegaram a Jerusalém. A próxima cruzada, a Primeira Cruzada oficial, foi lançada no final desse mesmo ano. Dessa vez, um grande número de cavaleiros e arqueiros treinados foram mobilizados, ao invés de cidadãos zelosos. Quatro expedições separadas de cruzados convergiram em Constantinopla. A partir daí, começaram a lutar em direção à cidade sagrada. No ano 1099 d.C. o objetivo foi alcançado com a captura de Jerusalém.
Mais cruzadas oficiais se seguiram ao longo dos próximos 195 anos. Esses empreendimentos subsequentes, inicialmente enviados para fortalecer as forças existentes, não possuíram a nobreza de uma missão de resgate que havia adornado aquelas primeiras expedições. Embora as missões anteriores não fossem livres de atos criminosos, a brutalidade das cruzadas posteriores foi bem evidente. As próximas cruzadas foram realizadas muito menos para o lado do “louvor celestial” e muito mais para o lado de pilhagem terrena. As forças cruzadas nunca foram o recurso direto de qualquer igreja, mas de monarquias: reis que reconheceram grande benefício em apoiar publicamente qualquer causa que as massas acreditassem ser piedosa. A igreja mais influente e destacada da época foi a igreja de Roma. Assim, a publicamente honrada igreja romana tornou-se a fonte a quem os reis ouviam e tomavam direção para determinar a quem roubar e destruir.
Os monarcas que apoiavam as cruzadas ouviram Roma mesmo enquanto certas comunidades cristãs, as quais não queriam se sujeitar à autoridade do ofício papal de Roma, foram adicionadas de forma gradual à lista de inimigos. Isso se acumulou até ser incluída uma grande quantidade de comunidades cristãs na terra santa. Assim, algumas das primeiras pessoas que os cruzados tinham estabelecido para proteger foram, mais tarde, classificadas apenas como outro inimigo para ser destruído. Essa verdadeira guerra de Roma contra todos os não católicos aumentou ao longo do tempo para se tornar o período da Inquisição.
Desnecessário, porém oportuno, dizer que nenhuma das partes envolvidas em tudo isso estava obedecendo às Escrituras.
Durante as cruzadas, as nações designadas pela igreja de Roma como inimigas do “cristianismo” eram inimigos inicialmente marcados para ataques. Nos últimos estágios das cruzadas, surgiu na igreja romana a ideia de que os inimigos de seu “evangelho” não estavam apenas na terra santa, mas na própria Europa. Então, essencialmente, europeus convocaram uma cruzada contra europeus. Incrementalmente, a igreja de Roma expandiu sua lista de inimigos para incluir qualquer um que não se submetesse completamente à autoridade do papa e aos ensinamentos da igreja de Roma. Quem agisse dessa forma era “herege” aos olhos de Roma.
Uma inquisição era, originalmente, uma forma menor de processo criminal. A Inquisição surgiu oficialmente quando a igreja de Roma atribuiu seus bispos a responsabilidade de questionar todos em seus vários distritos para descobrir quem era e quem não era um herege. A igreja de Roma acabou percebendo a ineficácia dos bispos e decidiu que especialistas eram necessários para o trabalho. Ela organizou tribunais específicos e permanentes dedicados a perseguir a heresia. Esses conselhos de inquérito, uma vez estabelecidos, receberam absoluta absolvição de modo a permitir a eles liberdade desinibida para lidar com a “cidadania não cooperativa”. Na visão da igreja de Roma, a absolvição era necessária à luz da dificuldade que os inquisidores enfrentariam ao tentar extrair os pensamentos e opiniões secretas das pessoas.
Embora a igreja de Roma tenha convocado e inicialmente financiado as inquisições, decretou que elas fossem instituídas e realizadas pelas nações individuais. Quando as cruzadas começaram a vacilar na terra santa e as nações muçulmanas ganharam vantagem, as frustrações dos reis europeus e dos papas foram aparentemente descarregadas em seu próprio povo em uma busca ainda mais implacável para erradicar a heresia. No ano de 1223 d.C., todas as Escrituras que não estivessem em latim foram banidas. Grupos que professavam o cristianismo, como os valdenses, foram procurados com perseguição. A inquisição espanhola eliminou quase todos os protestantes na Espanha.
Em 1252 d.C., o papa Inocêncio IV expandiu amplamente os poderes dos inquisidores para incluir a colocação de todos os governantes, cavaleiros e habitantes sob sua subordinação. Ele também reverteu um decreto papal anterior de forma a poder intitular aos inquisidores um terço de todas as multas que impusessem e um terço de todas as propriedades e bens que confiscassem. O ganho financeiro pessoal acelerou muito a “descoberta” dos hereges e aumentou o número de prisões e queimas públicas nas fogueiras. Coisas piores seguiram, uma vez que as cruzadas estavam terminando em fracasso. O uso da tortura foi sancionado pelo papa Alexandre IV em 1256 d.C. para o tão chamado “bem maior”. Tendo recebido a “santa sanção” de Roma, a tortura se tornou mandada tanto para suspeitos quanto para testemunhas. Em 1262 d.C., o papa Urbano IV criou o que era essencialmente um escritório de inquisição geral. A igreja de Roma ainda mantinha um papel ativo definindo novos crimes capitais, tais como dúvidas de fé e impedir a Inquisição. Com o tempo, o crime mais assustador de todos foi definido: suspeita de heresia. Rumores, rancores, insinuações, uma palavra descuidada, um ato errado – qualquer coisa assim podia condenar à fogueira até mesmo a pessoa mais devota. Isso podia ser inferido a partir de qualquer coisa – e foi.
A Inquisição começou a desaparecer apenas quando as monarquias europeias começaram a ser afetadas pelo sistema feudal, quando as nações europeias estiveram distraídas pelas guerras entre si e quando a influência dos cidadãos individuais começou a crescer. Muitas pessoas haviam alimentado as fogueiras insaciáveis da Inquisição e seus compatriotas não os esqueceram. Ao longo do tempo, as nações retiraram gradualmente o apoio dado às inquisições e à igreja de Roma. A Inglaterra foi uma das primeiras a fazer isso. Porém, antes do desaparecimento final da Inquisição no século dezoito, fora dela surgiram os períodos revitalizantes do Renascimento e da Reforma.
A Inquisição poderia ter durado séculos a mais se não fosse o esforço e o sacrifício de reformadores. As antigas autoridades da Igreja Católica Romana eventualmente falharam em seus esforços para impedir que as pessoas lessem a Bíblia por si mesmas. Uma vez que isso aconteceu, a Inquisição foi exposta como verdadeiramente era – antibíblica e impiedosa. A Reforma foi uma “encarnação” de denominações que professaram a fé cristã, bispos católicos, sacerdotes e monges que falavam contra a Inquisição e contra certas crenças e práticas da igreja de Roma. Muitas dessas pessoas se mantiveram firmes em seus pontos de vista, sabendo que seu destino quase certamente seria a fogueira – e para muitas foi. Ainda assim, a firmeza delas veio em um momento em que o mundo mais precisava.
Com o objetivo de pôr fim aos erros e aos falsos ensinamentos que foram promulgados por oficiais da igreja romana, Wycliffe esclareceu ao público o que a Bíblia ensinava em relação ao que Roma ensinava. Um reformador de mentalidade semelhante e de igual importância foi William Tyndale. Ele traduziu o Novo Testamento grego para o inglês. Por essa ação, Tyndale foi estrangulado, amarrado na estaca e queimado.
O Renascimento chamou a atenção para a necessidade de voltar ao original. Reuchlin e Erasmo insistiram aos intérpretes da Bíblia sobre o dever de estudar as Escrituras nas línguas em que foram escritas. Ao mesmo tempo, reformadores consideravam a Bíblia como a autoridade suprema e como o último tribunal de recurso em todas as disputas teológicas. Sobre e contra a infalibilidade da igreja de Roma, colocaram a infalibilidade na Palavra de Deus. Sua posição é perfeitamente evidente a partir da afirmação de que a Igreja não determina o que as Escrituras ensinam, mas as Escrituras determinam o que a Igreja deve ensinar.
Ocorrendo simultaneamente com a Reforma Protestante, outra reforma que não ganhou muito impulso até bem depois do esforço inicial foi a intitulada Contrarreforma, a qual procurou recuperar as populações europeias para a Igreja Católica. Enquanto a Contrarreforma produziu grandes passos em remover líderes corruptos da Igreja Católica, o catolicismo ainda manteve suas crenças básicas: sua autopercepção de infalibilidade e muitas das suas tradições extrabíblicas acumuladas. Sobre e acima do retorno da Reforma Protestante aos escritos originais, o catolicismo sustentou, e ainda se mantém a si mesmo, como a extensão divina de Cristo e sua igreja, igualando-se à Bíblia em clareza, autoridade e aplicabilidade à vida neste mundo e no próximo. O protestantismo, ao contrário, limita em grande parte seus ensinamentos e crenças aos delineados na Bíblia praticados por Cristo e seus apóstolos. Embora isso ainda resulte em compartilhar muitas crenças básicas com a igreja de Roma, a teologia da Reforma não aceita as adições e modificações de Roma às instruções declaradas de Cristo para adoração e salvação. A teologia da reforma também rejeita completamente a alegação do catolicismo sobre a infalibilidade papal, mesmo quando a questão é supostamente restrita à fé e à moral.
A declaração de independência americana tem mais referências a Deus do que os dez mandamentos. O discurso inaugural de George Washington e os documentos federalistas têm, talvez, mais referências a Deus do que o Sermão do Monte de Jesus. No entanto, algumas pessoas persistem em ler a carta pessoal de Thomas Jefferson aos Batistas de Danbury como uma lei que proíbe o reconhecimento cristão de Deus. Em clara refutação dessa noção, esse projeto de lei de 1982 foi corredigido e assinado por democratas e republicanos do 97° Congresso e assinado por lei pelo presidente dos Estados Unidos.
Introduzido como Resolução Conjunta do Senado 165, com trinta e três copatrocinadores, e como resolução conjunta da Câmara 487 com 219 copatrocinadores, um pedido foi entregue diante do congresso para honrar a Bíblia como Sagradas Escrituras. A resolução não sofreu adições, nem exclusões, nem exigências para que seja atingida por referências religiosas. Tornou-se lei.
O 97° Congresso dos Estados Unidos publicamente declarou 1983 o “Ano da Bíblia” nacional. O documento bipartidário, conhecido como Lei Pública 97-280, foi assinado em 4 de outubro de 1982 pelo presidente da câmara Thomas P. O’Neill, pelo presidente pro tempore do senado Strom Thurmond, e pelo presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.
Acredite, não há outra forma de estar certo sobre a integridade, veracidade e autoridade bíblica (ou qualquer outro tema bíblico) sem leitura e estudo dedicados. Não critique sem ler. Não negligencie. Leia. Estude. Vale a sua vida eterna.
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