Neste segundo estágio do estudo sobre a salvação de acordo com o Novo Testamento, abordaremos qual é a solução para o problema do pecado. O problema do pecado é o maior problema de todos.
Um problema só pode ser eliminado se sua causa raiz for eliminada. Se queremos deixar de ter problemas, temos que dar a devida atenção ao problema do pecado. Porém, como solucionar a raiz de um problema para o qual não temos condições de fazer qualquer compensação? Só há uma alternativa: pedir ajuda a alguém que possa solucionar o problema por nós. Obviamente, o único que pode solucionar o problema do pecado é o próprio Deus, o juiz supremo. Sendo assim, abordaremos as seguintes questões:
Uma vez que o pecado é tão terrível e sempre ocorrerá na vida das pessoas, qual razão levou Deus a criar pessoas capazes de pecar? Não seria melhor criar pessoas incapazes de pecar, ou não criar coisa alguma?
O motivo para criar tem a ver com a bondade e o amor de Deus. O amor e a bondade são coisas que tendem a se espalhar. Quem conhece e sente o amor quer divulgá-lo o máximo que puder. O amor é algo que nunca se esgota. Sendo Deus o amor infinito (1 João 4:8), provavelmente, ele criou para espalhar sua bondade e seu amor. Se ele continuasse a existir sem criar nada mais, seu amor estaria limitado a si mesmo. Seria contraditório se o próprio amor se limitasse a si mesmo e, assim, Deus poderia ser considerado egoísta. Se ele tivesse se omitido a criar, tal omissão poderia ser uma contradição ao seu próprio caráter de amor.
Se Deus criou tudo para espalhar sua bondade e amor, isso teve implicações importantes para sua criação: (1) ele teve que criar seres com capacidade de raciocinar, ou eles não poderiam conhecê-lo; (2) ele teve que criar seres com vontade própria, ou eles não poderiam amar a Deus voluntariamente (amor verdadeiro é voluntário); (3) para que suas criaturas o amem, Deus teve que criar o ambiente ao redor delas de forma que comunique seus atributos divinos (Romanos 1:20). Essas implicações ajudam a compreender o conceito bíblico de que Deus criou o mundo para sua glória. No entanto, será que “criar para sua glória” não acabaria sendo considerado algo narcisista ou egocêntrico?
Deus não poderia ter criado com uma motivação egoísta ou narcisista, pois, simplesmente, tais coisas não fazem parte de seu caráter. Caso contrário, Deus pecaria. Se ele pecasse, não teria base para julgar ninguém e seria o fim do “certo”. O narcisismo implica em visão doentia, irrealista e egocêntrica de si mesmo – um desejo de ser elogiado sem merecer. Deus é amor e teve que criar para não limitar o amor a si mesmo. A criação e sua sustentação não são para o benefício de Deus, mas para o benefício de suas criaturas. Nada disso se enquadra em narcisismo ou egocentrismo.
Não há problemas no desejo de Deus que sua criação o glorifique. Ele é a fonte perfeita, onisciente e onipotente de toda a vida no universo. Como criador, Deus merece glória, louvor e amor. É justo que ele seja glorificado por sua criação (Apocalipse 4:11). A definição mais básica de justiça é “dar a cada um o que é devido”. Portanto, se Deus não criasse, provavelmente estaria em contradição com a natureza do amor, além de não fazer justiça a si mesmo.
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Deus, de fato, deseja que todo ser humano seja salvo (1 Timóteo 2:3-4). Ele manifestou sua graça para a salvação de todas as pessoas (Tito 2:11). É claro que Deus é amor e ele poderia, simplesmente, fazer uso de sua misericórdia para perdoar o pecador. Porém, há outro aspecto que não pode ser negado: a justiça. Deus é amor, mas também é justiça (Deuteronômio 32:4; Salmo 89:14; 119:112; Naum 1:2-3; Romanos 1:18). A justiça demanda punição para o culpado. O pecador deve ser punido da perspectiva da justiça, mas salvo da perspectiva do amor. Então, como conciliar justiça e amor sem contradizer um ou outro?
Nenhum ser humano pode fazer qualquer compensação por uma alma estragada pelo pecado. Logo, não é possível para o ser humano, por si só, escapar da punição. O ser humano é culpado, e Deus não inocenta o culpado. Sendo o problema do pecado a coisa mais grave que existe e, ainda, algo aparentemente inevitável, como solucioná-lo sem punir o ser humano com a morte espiritual?
O próprio Deus, antes de criar tudo, já sabia que esse problema ocorreria. Ele mesmo providenciou a solução para o problema do pecado sem contradição alguma entre amor e justiça. Uma vez que Deus não pode inocentar o culpado, ele justifica aquele que se converte a ele. Justificar tem o sentido básico de “tornar justo”. Assim, Deus invalida a culpa de quem ele justifica. Portanto, para obter a misericórdia de Deus, o ser humano deve compreender e praticar a solução que o próprio Deus providenciou para o problema do pecado – o evangelho.
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Desde a morte e ressurreição de Jesus Cristo, a conversão a Deus é realizada por meio do evangelho. Assim, o convertido é justificado e torna-se um cristão. A palavra “cristão” significa, basicamente, “seguidor de Cristo” ou “pequeno cristo”. “Evangelho” significa, basicamente, “boas novas”. É a solução de Deus para o problema do pecado: o poder de Deus para salvar e fazer justiça (Romanos 1:16-17). O amor e a justiça de Deus são manifestados no evangelho. O evangelho permite que um pecador – alguém que está morto em seus pecados (Efésios 2:1-2) – seja livrado de sua punição (Romanos 8:1) e, melhor ainda, seja transformado em uma nova criatura (2 Coríntios 5:17).
O centro do evangelho é a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, as quais tornaram possíveis a salvação e regeneração de todas as pessoas. Enquanto Jesus esteve na cruz, os pecados dos fiéis foram considerados imputados sobre ele (1 Pedro 2:24). Assim, Jesus se tornou maldito em lugar dos fiéis (2 Coríntios 5:21; Gálatas 3:13). Quando Jesus morreu, os pecados imputados sobre ele “morreram” também (Hebreus 9:28). Porém, ao ressuscitar, Jesus foi para a destra do trono de Deus (1 Pedro 3:22).
A morte de Cristo funciona como se fosse uma “verba” que é liberada para pagar as “dívidas impossíveis de pagar” dos cristãos, quantas vezes forem necessárias. É como se a morte de Jesus tivesse um “valor infinito” para liquidar todas as “dívidas” relativas a todos os pecados de todos os fiéis de todas as épocas. Assim, o “preço” exigido pela justiça é satisfeito. Sendo assim, a ira de Deus, ao invés de atingir o pecador, é direcionada para o sofrimento e morte de Jesus Cristo na cruz. Basicamente, Jesus toma a punição no lugar do pecador que se converte a Deus. Assim, a morte de Jesus é substitutiva: ao invés de o pecador morrer, Cristo morreu.
A ressurreição de Cristo garante que ele seja o mediador eterno e perfeito entre Deus e os seres humanos. Embora o cristão seja salvo da condenação em sua conversão, ainda vai ter que viver em um mundo pecaminoso até o fim de sua vida física. Durante esse período, Cristo opera como seu sumo sacerdote (Hebreus 4:14). Como sumo sacerdote, Jesus opera como se fosse um advogado junto a Deus, intercedendo a favor do fiel. Isso é tão maravilhoso que, ainda que um cristão venha a pecar após sua conversão (e muito provavelmente vai), sempre poderá ser justificado por meio da confissão dos pecados e arrependimento (1 João 1:8-2:2). Além disso, o cristão recebe o Espírito Santo de Deus, o qual o capacita a viver os ensinamentos de Cristo, fortalecendo-o espiritualmente (Atos 2:38; Romanos 8:9-11). Assim, o cristão pode dizer “não” aos pecados que antes o escravizavam e dizer “sim” para a vontade de Deus. O evangelho resulta em liberdade do pecado, mas servidão à justiça de Deus (Romanos 6:16-18).
Jesus também é rei sobre todos (Mateus 28:18; Apocalipse 19:16) e o juiz que efetuará o justo juízo de Deus contra cada ser humano (João 5:22-23; Atos 17:31; 2 Coríntios 5:10). Esse julgamento resultará em vida eterna ou castigo eterno (Mateus 25:46). Portanto, Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, rei sobre tudo e todos, sumo sacerdote para mediar a favor dos seres humanos, e juiz supremo. Tendo isso em vista, apenas Jesus pode salvar por meio de seu evangelho (João 14:6; Atos 4:12).
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