Vivemos em um mundo em que as pessoas falam muito de amor, bem-estar, etc., mas isso é apenas uma fachada. Nosso mundo, na verdade, está cheio de indiferença em relação ao próximo. Muitas pessoas distorcem o verdadeiro significado de misericórdia de acordo com o que querem, negligenciando o fato de que quem define o que misericórdia é Deus.

Jesus Cristo nos chama a uma transformação radical de nossa mentalidade e a não nos conformarmos a este mundo, como o apóstolo Paulo escreveu em Romanos 12:2. Sendo assim, devemos até mesmo abandonar nossas definições de misericórdia e nos apegarmos à verdadeira definição de misericórdia, a qual é definida por Deus e ensinada na Bíblia, e então devemos praticar isso. O Novo Testamento deixa bem claro o que é a misericórdia, e também o que ela não é.

Basicamente, misericórdia é poupar alguém do castigo que merece. Foi isso que Deus fez ao enviar Jesus Cristo para morrer por nossos pecados: ao invés de os convertidos a ele serem mortos por causa de seus pecados, Jesus morreu na cruz no lugar deles, como atesta Marcos 10:45: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

Por outro lado, a misericórdia não pode deixar o pecado impune. O pecado é uma ofensa grave contra Deus e resulta em morte. O pecado deve ser tratado, caso contrário a justiça seria negligenciada, e Deus é justo e não pode fazer isso. É por essa exata razão que, para que as pessoas pudessem ser poupadas do castigo por meio da conversão a Cristo, o próprio Cristo tomou o castigo sobre si na cruz.

Sendo assim, devemos ser misericordiosos assim como Deus é misericordioso conosco. Se ainda estamos vivos neste momento, é porque Deus já está nos concedendo misericórdia. Já deveríamos estar mortos desde o primeiro momento em que pecamos, mas Deus não faz isso porque concede tempo para que as pessoas se arrependam e se convertam a ele, como Pedro escreveu em 2 Pedro 3:9: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”

Para sermos misericordiosos como o nosso Pai celeste é misericordioso, quando alguém cometer algo errado, devemos condenar a atitude errada, e não exatamente a pessoa. É claro que erros possuem consequências, e quem erra vai sofrê-las. No entanto, assim como Deus faz conosco, podemos exercer a misericórdia ao nos limitarmos a repreender a atitude, mas não aplicar punição à pessoa, ainda que devida. Considere o que Jesus fez no texto de João 8:3-11:

Então os escribas e fariseus trouxeram à presença dele uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar em pé no meio de todos, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos ordenou que tais mulheres sejam apedrejadas. E o senhor, o que tem a dizer?” Eles diziam isso tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como eles insistiam na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: “Quem de vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela.” E, inclinando-se novamente, continuou a escrever no chão. Mas eles, ouvindo essa resposta, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos até os últimos, ficando só Jesus e a mulher em pé diante dele. Levantando-se, Jesus perguntou a ela: “Mulher, onde estão eles? Ninguém condenou você?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor!” Então Jesus disse: “Também eu não a condeno; vá e não peque mais.” (João 8:3-11, “Nova Almeida Atualizada”).

Note que Jesus não está justificado o pecado da mulher. Ele atestou claramente que ela pecou quando disse “não peque mais”. No entanto, Jesus não a condenou. Até mesmo as demais pessoas não a condenaram, mas aos poucos foram indo embora, uma vez que todos nós estamos na mesma situação: pecadores merecendo morte. Devemos ser misericordiosos porque somos pecadores usufruindo da misericórdia de Deus o tempo todo. No entanto, vai chegar uma hora em que essa misericórdia vai terminar e responderemos em juízo diante do Senhor. Um dos aspectos desse juízo é o quanto fomos misericordiosos com nosso próximo.

Portanto, nos afastemos do pecado e sejamos misericordiosos. Façamos como Jesus ensinou em Lucas 6:36: “Sejam misericordiosos, como também é misericordioso o Pai de vocês.”

"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." (Mateus 11:15, NAA).

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